UM BELO COSTUME! UM LINDO EXEMPLO!

Existe uma tribo africana que tem um belo costume. 
Quando alguém pratica algum acto que eles consideram incorrecto, levam essa pessoa para o centro da aldeia e fica cercado pelos restantes membros da tribo.

Durante dois dias, dizem-lhe todas as coisas boas que ele fez. 

Diz-se que estas pessoas pensam que, todo o ser humano que vem ao mundo, é um ser bom. 

Cada um de nós, desejando segurança, amor, paz e felicidade, comete, às vezes e na procura destes mesmos objectivos, atitudes mesmo correctas. 

Esta comunidade, interpreta esses erros  como um grito de ajuda. A tribo reúne-se para recordar-lhe como é  essa pessoa: quem é ele, na realidade! Assim procedem durante este tempo até que ele recorde quem realmente é, tendo-se desligado, temporariamente, do "ser bom". 

Sawabona é uma saudação usada na África do Sul que quer dizer: “Eu te respeito e te dou valor. Eras importante para mim" . A esta frase, as pessoas responden Shikoba que significa: “Então, eu existo para ti”.

Imaginas-te a fazer o mesmo com a tua tribo familiar, com a tua tribo no trabalho ou com a tua tribo na paróquia ou no grupo a que pertences?
Acreditas que és capaz?



São Cesário de Arles (470-543), monge, bispo

Dar fruto e produzir a trinta, a sessenta e a cem por um

Há duas espécies de campos, irmãos: um é o campo de Deus, o outro o dos homens. Tal como tu tens os teus domínios, também Deus tem os seus. Os teus domínios são a tua terra; os de Deus são a tua alma. Seria porventura justo que cultivasses o teu terreno e deixasses em pousio o de Deus? Se pões a tua terra em cultivo mas não fazes o mesmo com a tua alma, é porque pretendes pôr a tua propriedade a render, mas não a de Deus? Achas isso justo? Porventura Deus merecerá da nossa parte tamanha negligência em relação à nossa alma, que Ele tanto ama? Se te regozijas por veres o teu terreno bem cultivado, porque não choras ao ver a tua alma em pousio? A colheita do teu terreno assegurar-te-á a sobrevivência por uns dias neste mundo, mas o cuidado da tua alma dar-te-á a vida eterna no céu. […]

Deus dignou-Se confiar-nos a nossa alma como seu domínio; portanto, por intermédio do seu auxílio ponhamos mãos à obra com todas as nossas forças para que, no momento em que visitar o seu terreno, Ele o encontre bem cultivado e em perfeita ordem: que Ele possa encontrar um pomar em vez dum silvado, vinho em vez de vinagre e trigo em vez de joio. Pois se lá encontrar tudo o que é agradável a seus olhos, dar-nos-á como recompensa as alegrias eternas, ao mesmo tempo que lançará as silvas ao fogo.


Carismas - Um dom gratuito do Espírito Santo

"Não se pode ter a luz sem o sol, a água sem a fonte, o calor sem a chama". O Espírito Santo derramou-se, não só em louvores e em testemunho, mas também na manifestação de uma série de graças que conhecemos com o nome de carismas. A partir do retiro de Duquesne, escreveu Patti Mansfield, "começamos a tropeçar, literalmente, com os carismas. Apareceu logo o carisma de profecia. E o de línguas. E o de cura...".

O termo carisma aparece:
-       17 vezes no Novo Testamento;
-       16 em São Paulo;
-       1 em 1Pe 4,10.

Carisma é uma graça, um dom, um presente, um obséquio, um donativo, uma dádiva, algo que o homem não ganhou nem pode ganhar pelo seu próprio esforço nem pelos seus méritos.

A definição mais simples do que é um carisma poderia ser a seguinte: "um dom gratuito do Espírito Santo, destinado à edificação da Igreja", ou, usando palavras de São Paulo, "uma manifestação do Espírito para o bem comum". Essa é a finalidade dos carismas: servir, construir, edificar a Igreja dinamicamente. "Uma comunidade estará mais ou menos viva, será mais ou menos dinâmica, na medida em que no seu seio existam, cresçam e amadureçam os carismas". Uma Igreja sem carismas envelhece e perde todo o seu atrativo e formosura.

Os carismas podem ser dados a qualquer um, seja pecador ou santo, homem ou mulher, sábio ou ignorante, crente ou não crente, em qualquer circunstância e em qualquer momento. O Espírito Santo distribui-os com inteira liberdade, mas sempre tendo em vista o bem comum. O carisma é uma riqueza para todos, é uma graça para a comunidade.

São Paulo acolheu todos os carismas com alegria e agradecimento. E também nós os acolhemos: desde os maiores até aos mais pequenos e insignificantes. Qualquer manifestação do Espírito nos faz estremecer de júbilo. Mas é necessário um discernimento acerca de todas as manifestações que se apresentam debaixo da capa do Espírito.

A história tem sido testemunha de muitas manipulações. Poderia dar-se uma norma muito geral para o discernimento dos carismas: "Carisma que destrua, que divida ou desanime a comunidade não é um verdadeiro carisma. Pode-se detectar um alento poderoso que leva à confissão do senhorio de Jesus (lª Cor. 12,3), à unidade, ao amor e ao amadurecimento da fé; produz-se paz e sossego, então leva a marca do Espírito de Deus".

De qualquer forma, o Senhor providenciou um meio eficaz para o discernimento dos carismas: a hierarquia da Igreja. Ela é que tem de discernir, em cada caso, se um carisma é autêntico ou não, se procede do Espírito ou não. Os pastores têm a tarefa delicada de discernir os carismas, mas ao mesmo tempo a de garantir-lhes um espaço na vida da Igreja. "Não extingais o Espírito, não desprezeis as profecias.

Examinai tudo e retende apenas o que for bom" (Tes 5,19-22). Não se pode aceitar nem recusar uma coisa porque gostamos dela ou não, porque me cai bem ou porque me cai mal. Os pastores da Igreja devem escutar essa advertência de São Paulo a todo o momento.

No Renovamento Carismático foram renovados quase todos os carismas mencionados por São Paulo nas suas Cartas. O Espírito está a abençoar a Igreja com carismas de louvor, de profecia, de cura de enfermos, de milagres, de palavra de sabedoria e de conhecimento, de falar em línguas, de evangelização e de pastoreio, de fé carismática...

Essa é uma das principais características desta corrente de graça e uma das suas contribuições mais belas para a Igreja dos nossos dias. Aqueles carismas antigos, conhecidos através das Cartas de São Paulo e dos textos dos Santos Padres, que tinham caído num estado de semi-letargia ao longo dos séculos, foram renovados pelo Espírito. Estão aí, são visíveis nos nossos dias nos grupos do Renovamento, "estão a abrir o coração de tantos fiéis ao serviço e ao amor, à evangelização e ao testemunho, ao compromisso com a Igreja nas paróquias e em todas as instituições onde se promove a expansão do reino, até ao impossível, até à utopia do reino de Deus neste mundo e para estes homens".

Pode haver e há, de fato, outros dons e carismas, mas o Renovamento Carismático tem sido impulsionado pelo Espírito para trazer esses velhos carismas à vida da comunidade cristã. Por isso se fala de Renovamento Carismático. O despertar destes carismas foi uma surpresa do Espírito Santo para os nossos dias. "Queira Deus que o Senhor envie uma chuva de carismas para fazer fecunda, formosa e maravilhosa a Igreja, e, inclusivamente, capaz de chamar a atenção e de deslumbrar o mundo profano, o mundo laicizante" (Paulo VI, 10.Out.1974).

Espírito e carismas são duas realidades inseparáveis. Uma igreja sem Espírito e sem carismas não seria a Igreja de Jesus; um cristão sem Espírito e sem carismas está morto. Os carismas são autênticas oportunidades para a vida da Igreja. Uns podem ser mais úteis que outros e edificar mais a comunidade que outros, mas todos são graças que recebemos do Espírito Santo com alegria.

Pe. Vicente Borragán Mata, OP

in "Como um Vendaval... O Renovamento Carismático" ed. Pneuma