A Semana Santa, conhecida como 

a Semana Maior



Liturgicamente, estes dias da Semana Maior são momentos importantes da Quaresma. O seu conteúdo bíblico-litúrgico está orientado para a preparação ‘imediata’ do Tríduo Pascal. Nesses primeiros dias da Semana Maior, fazemos grandes celebrações lembrando a prisão de Jesus, o Encontro d’Ele com a Sua Mãe bem como as suas dores. 

Nestes três dias, Jesus e os Seus discípulos estavam-se preparando para celebrar a Páscoa, a festa principal dos judeus. Porém, o Senhor sabia muito bem que eram os últimos dias de Sua vida. A Páscoa Judaica iria converter-se na Páscoa de Jesus, na Sua passagem da morte para a vida. Estes dias, recebem o qualificativo de santos, porque a misericórdia de Deus se manifesta de uma maneira muito especial.

Segunda-feira Santa

Neste dia, proclama-se, durante a Missa, o Evangelho segundo      S. João. Seis dias antes da Páscoa, Jesus chega a Betânia para fazer a última visita aos seus amigos. Está cada vez mais próximo o desenlace da crise. Ela guardava este perfume para a minha sepultura. Jesus já havia anunciado que a Sua hora tinha chegado.
A primeira leitura é a do servo sofredor: “Olha o meu servo, sobre quem pus o meu Espírito”, disse Deus por meio de Isaías. A Igreja vê um paralelismo total entre o servo de Javé cantado pelo profeta Isaías e Cristo. O Salmo é o 26, ‘Um canto de confiança’.

Terça-feira Santa

A mensagem central deste dia passa pela Última Ceia. Estamos na hora crucial de Jesus. Cristo sente, na entrega, que faz a ‘glorificação de Deus’, ainda que encontre no caminho, a covardia e o desamor. No Evangelho, há uma antecipação da Quinta-feira Santa. Jesus anuncia a traição de Judas e as fraquezas de Pedro. “Jesus insiste: ‘Agora é glorificado o Filho do Homem e Deus é glorificado nele’.”
A primeira leitura é o segundo canto do servo de Javé. Nesse canto, descreve-se a missão de Jesus. Deus o destinou a ser “luz das nações, para que a salvação alcance até os confins da terra”. O Salmo é o 70. “Minha boca cantará teu auxílio.” É a oração de um abandonado que mostra grande confiança no Senhor.

Quarta-feira Santa

Estamos de cara com o Tríduo Pascal. A liturgia de hoje tem um sabor amargo: a traição de judas. Não nos confundamos: Judas representa todas as forças do mal que tomam parte nos nossos pecados, que se opõem aos planos maravilhosos de Deus. No Evangelho de Mateus, a noite já descia sobre a cidade e os peregrinos que vinham para a Páscoa continuavam a chegar. Um ar festivo invade tudo, uma espécie de canto da libertação. Judas fica em silêncio, parece não ter consciência de ter vendido o seu Senhor como se Ele fosse um escravo. Todos percebem que chegou a hora. Jesus está livre e decidido.
A primeira leitura é o terceiro canto de Isaías – “não ocultei o rosto aos insultos” –, é o Canto da Paixão, porque relata com detalhes o sofrimento do servo. O Salmo é o 68. Ficamos impressionados com o grito angustiado de um justo perseguido.

Quinta-feira Santa


A liturgia da Quinta-feira Santa é um convite a aprofundar, concretamente,  o misterio da Paixão de Cristo. Quem deseja seguí-lo deve sentar-se à Sua mesa e, com o máximo recolhimento, ser espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-Lo.
Por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos dá um testemunho idóneo da vocação ao serviço do mundo e da Igreja, quando decide lavar os pés aos seus discípulos.

Neste sentido, o Evangelho de São João apresenta a Jesus 'sabendo que o Pai pôs tudo em suas mãos, que vinha de Deus e a Deus retornava', mas que, ante cada homem, sente tal amor que, igual como fez com os discípulos, se ajoelha e lava os seus pés, como gesto inquietante de uma acolhimento inalcansável.

S. Paulo completa a representação lembrando a todas as comunidades cristãs o que ele mesmo recebeu: que aquela memorável noite, a entrega de Cristo, chegou a fazer-se sacramento permanente, num pão e num vinho que se convertem em alimento: Seu Corpo e Seu Sangue para todos os que queiram recordá-Lo e esperar sua vinda no final dos tempos, ficando assim instituída a Eucaristía.

A Santa Missa é a celebração da Ceia do Senhor na qual Jesus, num dia como hoje, na véspera da sua paixão, "enquanto ceava com seus discípulos tomou pão..." (Mt 26, 26).
Ele quis que, como na Sua última Ceia, os seus discípulos se reunissem e se recordassem dEle abençoando o pão e o vinho: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19).

Antes de ser entregue, Cristo se entrega como alimento. Entretanto, nesta Ceia, o Senhor Jesus celebra a Sua morte: o que fez,  fê-Lo como anúncio profético e oferecimento antecipado e real, da sua morte antes da sua Paixão. Por isso "quando comemos deste pão e bebemos deste cálice, proclamamos a morte do Senhor até que Ele volte" (1Cor 11, 26).

Assim, podemos afirmar que a Eucaristia é o memoria,l não tanto da Última Ceia, mas sim, da Morte de Cristo que é Senhor, e "Senhor da Morte", isto é, o Resuscitado cujo regresso esperamos de acordo com a promessa que Ele mesmo fez ao despedir-se: "Um pouco de tempo e já não me vereis, mais um pouco de tempo e ainda me vereis" (Jo 16, 16)."

Como diz o prefácio deste dia: "Cristo verdadeiro e único sacerdote, se ofereceu como vítima de salvação e nos mandou perpetuar esta oferenda em sua comemoração". Porém, esta Eucaristia, deve ser celebrada com características próprias: como Missa "na Ceia do Senhor".

Nesta Missa, de maneira diferente de todas as demais Eucaristias, não celebramos "diretamente" nem a morte nem a ressurreição de Cristo. Não nos adiantamos à Sexta-feira Santa nem à noite de Páscoa.

Hoje, celebramos a alegria de saber que esta morte do Senhor, não terminou no fracasso mas no êxito! Teve um porquê e um para quê: foi uma "entrega", um "dar-se", foi "por algo"ou melhor dizendo, "por alguém" e nada menos que por "nós e para nossa salvação" (Credo). "Ninguém a tira de mim, (Jesus refere-se à Sua vida), mas Eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de retomá-la." (Jo 10, 18), e hoje nos diz que foi para "remissão dos pecados" (Mt 26, 28c). 

Por este motivo, esta Eucaristia deve ser celebrada o mais solenemente possível. Os cânticos,  a mensagem, os símbolos, não deve ser nem tão festivos nem tão jubilosos como na Noite de Páscoa, noite em que celebramos o desfecho glorioso desta entrega, sem a qual, tudo teria sido inútil: apenas a entrega de alguém, mais um, que morre pelos pobres e não os liberta. Porém, não está repleta da solene e contrita tristeza da Sexta-feira Santa porque, o que nos interessa "sublinhar" neste momento, é que "o Pai entregou o Seu Filho para que todo o que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"(Jo 3, 16) e que o Filho entregou-se a nós, voluntariamente, apesar de ter sido através da morte numa cruz ignominiosa.

Hoje há alegria e a Igreja rompe a austeridade quaresmal cantando o "glória": é a alegria de quem se sabe amado por Deus; porém, ao mesmo tempo, é sóbria e dolorida, porque conhecemos o preço que Cristo pagou por nós.

site aci digital

SEXTA-FEIRA SANTA:

CELEBRAÇÃO DA MORTE DE CRISTO

A espiritualidade da Sexta-feira Santa


Neste dia em que os antigos chamavam de “Sexta-feira Maior”, quando celebramos a Paixão e Morte de Jesus, o silêncio, o jejum e a oração devem marcar este momento. Ao contrário do que muitos pensam, a Paixão não deve ser vivida em clima de luto, mas de profundo respeito e meditação diante da morte do Senhor que, morrendo, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna


É preciso manter um “silêncio interior” aliado ao jejum e à abstinência de carne. Deve ser um dia de meditação, de contemplação do amor de Deus que nos “deu o Seu Filho único para que quem n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). É um dia em que as diversões devem ser suspensas, os prazeres, mesmo que legítimos, devem ser evitados.

A meditação da Paixão do Senhor deve mostrar-nos o quanto é hediondo o pecado. É contemplando o Senhor na cruz, destruído, flagelado, coroado de espinhos, abandonado, caluniado, agonizante até à morte, que entendemos quão terrível é o pecado. Não é sem razão que o Catecismo diz que pecado é “a pior realidade para o mundo, para o pecador e para a Igreja”. É por isso que Cristo veio a este mundo para ser imolado como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Só Ele poderia oferecer à Justiça Divina uma oblação de valor infinito que reparasse todos os pecados de todos os homens de todos os tempos e lugares.

Celebração das 15 horas

O ponto alto da Sexta-feira Santa é a celebração das 15 horas, horário em que Jesus foi morto. É a principal cerimónia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística. Nas leituras, meditamos a Paixão do Senhor, narrada pelo evangelista São João (cap. 18), mas também prevista pelos profetas que anunciaram os sofrimentos do Servo de Javé. Isaías (52,13-53) coloca, diante de nossos olhos, “o Homem das dores”, “desprezado como o último dos mortais”, “ferido por causa dos nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes”. Deus, na forma humana, morreu por ti, por mim, por nós.

Uma prática de piedade valiosa é meditar a dolorosa Paixão do Senhor, se possível diante do sacrário, na igreja, usando a narração que os quatro evangelistas fizeram.

Aprender o quanto é grande o nosso pecado

Outra possibilidade será usar um livro para meditação como “A Paixão de Cristo segundo o cirurgião”, no qual o Dr. Pierre Barbet, francês, depois de estudar por mais de vinte anos a Paixão, narra com detalhes o sofrimento de Cristo.

video: https://vimeo.com/123156230


Este vídeo, é um relato médico, feito pelo Dr. Barbet (cirurgião francês) sobre os sofrimentos de Jesus, por mim e por ti.
Quando Pierre Barbet descreveu seus estudos ao Papa Pio XII, relatando as lesões e os sofrimentos de Cristo desde o ponto de vista científico, ele assegurou que o Papa chorou ao admitir: “Nós não sabíamos, ninguém jamais nos relatou (a Paixão) desta maneira”.



Tudo isso deve nos levar a amar profundamente Jesus Crucificado que se esvaziou, totalmente, para nos salvar de um modo tão terrível. Essa meditação também nos leva à associação com a Paixão do Senhor, no sentido de tomar a decisão de “gastar a vida” pela salvação dos outros. Dar a vida pelos outros, como o Senhor deu a Sua vida por nós. “Amor só se paga com amor”, diz São João da Cruz.

Neste dia, podemos também meditar, com profundidade, as “sete palavras de Cristo na cruz” antes de sua morte. Como se fosse um testamento:

1 - “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.”
2 - “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no               Paraíso."
3 - “Mulher, eis aí o teu filho… Eis aí a tua Mãe.”
4 - “Tenho Sede!”
5 - “Eli, Eli, lema sabachtani? – Meus Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”
6 - “Tudo está consumado!”
7 - “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!”.

Nessa tarde, algumas paróquias fazem as encenações da Paixão de Jesus Cristo com o sermão da descida da cruz; em seguida, há a Procissão do Enterro, levando o esquife com a imagem do Senhor morto. O povo católico gosta dessas celebrações porque põe o seu coração em união com a Paixão e com os sofrimentos do Senhor. Tudo isso ajuda-nos na espiritualidade deste dia. Não há como “pagar” ao Senhor o que Ele fez e sofreu por nós; no entanto, celebrar com devoção o Seu sofrimento e a Sua morte, agrada-Lhe e nos deixa em paz. Associando-nos, assim, à Paixão do Senhor, colheremos os Seus frutos de salvação.

Formação Canção Nova 

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