DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA



A Igreja celebrá este domingo a Divina Misericórdia. Recorde-se que o Papa São João Paulo II, além de ter escrito a encíclica “Deus, Rico em Misericórdia” (Dives in Misericordia), instituiu, em Abril de 2000, o II Domingo da Páscoa como o Domingo da Divina Misericórdia, conforme instruções de Jesus a Stª Faustina.



Este ano, esta celebração assume particular ênfase já que o Papa Francisco decidiu convocar um «jubileu extraordinário» centrado na «misericórdia de Deus».

Desde o ano 2000, há dezasseis anos, mais do que o segundo domingo da Páscoa, foi instituído como domingo da Divina Misericórdia. Pelas palavras escritas no seu diário, esta foi uma indicação expressa de Jesus Cristo, Filho de Deus vivo.

Ignorar esta ordem divina, tanto por leigos como por sacerdotes é, do meu ponto de vista, semelhante a secundarizar qualquer dos mandamentos de Deus.

Infelizmente, constata-se que, durante a grande maioria da Eucaristias, poucas ou nenhumas palavras são proferidas sobre este precioso tema. Atreveria-me a dizer que poucos, muitíssimo poucos católicos, conhecem, minimamente, a figura, as palavras, a mística Irmã Santa Faustina.

Por exemplo e falo por experiência própria em duas paróquias da Diocese de Lisboa, a grande maioria dos irmãos não conhecem o Terço da Divina Misericórdia. Mais, quantas paróquias da Diocese, irão celebrar, no Domingo, a Festa da Divina Misericórdia?

Amigos sacerdotes, não deixem passar o próximo domingo, sobretudo neste Ano Jubilar dedicado à Divina Misericórdia, sem abordarem, de coração, um pouco da história da Irmã Faustina e do significado da imagem, que por vontade expressa de Jesus, foi mandada pintar para ser venerada!

Também a vós, Irm@s, não deixem de alertar os vossos párocos para a importância e significado deste momento que iremos viver!

Claro que as Parábolas da Sagrada Escritura são por si mesmas reveladoras do amor do Pai! Claro que sim! Mas, para muitos corações, o significado do Sangue e da Água que jorraram do coração de Jesus como fonte de Misericórdia para nós, possa ser uma forma mais real, verdadeira e sentida da infinita misericórdia do Pai, pelas inúmeras chagas sofridas, no passado e no presente, pelo Seu muito amado Filho e Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pai, pela dolorosa paixão do Vosso muito amado Filho e nosso Senhor Jesus Cristo, tende misericórdia de nós e de todo o mundo. Amem!

J.P.

PÁSCOA 2016

«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6,36)

Eis a grande proposta de Jesus para esta Páscoa, centrada no ano da Misericórdia. O Pai do Céu abriu o Seu coração para acolher no Seu Seio todos os Seus filhos pecadores e todas as Suas filhas pecadoras. Por isso podemos lançar-nos sem medo nos seus braços como o Filho pródigo, para experimentar aquele abraço paterno cheio de amor e misericórdia para com todas as suas criaturas.

Além disso, Ele quer que Lhe confiemos os corações mais endurecidos dos seus filhos e das suas filhas que se afastaram d’Ele ou não sabem que podem entrar numa relação amorosa com o Pai. Precisamos, pois, de entrar en sintonia com o coração do «PAPA» (Abba), que através do Seu Filho nos pede:

«Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam» (Lc 6, 27-28).

«Perdoai e sereis perdoados» (Lc 6, 37). «Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas» (Mt 6, 14-15).

A misericórdia começa por aí: dar o perdão a quem no-lo pede; oferecê-lo a quem não o pede; recebê-lo de quem no-lo dá.

O Pai, pelo Seu Filho Jesus Cristo, no Espírito Santo, oferece-nos uma grande oportunidade: receber o perdão completo de todos os nossos pecados e a absolvição da pena a que estamos sujeitos como punição pelos nossos pecados, pena essa que deveria ser cumprida no Purgatório. Quer dizer, em poucas palavras, se uma pessoa morrer depois de ter obtido esta indulgência vai directamente para o Céu. É uma graça extraordinária a que não podeemos renunciar. Tanto mais que aquilo que Jesus nos pede é muito fácil de pôr em prática:

- Celebrar a Novena da Misericórdia Divina, desde a sexta-feira Santa até ao Domingo da Misericórdia.

- Confessar-se radicalmente de todos os pecados conhecidos.

- Receber a Sagrada comunhão no Domingo da Divina Misericórdia.

- Praticar alguma das obras de misericórdia corporais ou espirituais.

Deste modo entraremos em sintonia com o Coração Misericordioso do Pai e seremos capazes de imitar Jesus, que é «manso e humilde de coração» (Mt 11,29).

Em união com cada um e cada uma de vós, peço ao Senhor que nos dê como presente desta Páscoa um coração misericordioso, cheio de doçura e de humildade como o Seu.

Peço igualmente ao Senhor que vos conceda todas as graças de que precisais, para vos manter em boa saúde física, psíquica e espiritual.

Com um grande abraço pascal para cada um e cada uma de vós,

Vosso irmão e amigo

P. Alfredo Neres
Mensagem para a Sexta-feira Santa

Não podemos deixar de lembrar o principal objectivo deste feriado: o sacrifício de Cristo em prol de toda a humanidade, que és tu, sou eu, somos todos. Vamos aproveitar e fazer uma reflexão sobre o nosso comportamento. Estás / estamos sendo bons cristãos? Estás / estamos ajudando o próximo, a exemplo da mensagem que Jesus nos deixou? 

Jesus foi humilhado, torturado e morreu na cruz para nos salvar… Ele passou por todo esse sofrimento em silêncio, sem reclamar, pois, a sua fé era maior do que qualquer dor física. Vamos ter Jesus como um exemplo de força e perseverança para nossas vidas?

O SÍMBOLO DO AMOR

Várias pessoas, incluindo cristãos, partilham entre si, nesta altura do ano (Semana Santa), alguns presentes que em nada ajudam a viver este tempo especial e o mais importante para qualquer cristão: a Páscoa!
É frequente a troca de amêndoas, ovinhos de chocolate e outros presentes que nos afastam, deliberadamente, do essencial: a Paixão de Cristo, o Filho de Deus.
É verdade que os símbolos falam, explicam, indicam e traduzem sentimentos. Mas estes são transitórios, são passageiros! Não são símbolos transcendentes, verdadeiros, salvíficos, libertadores! Nada têm a ver com a Vida, com o Amor que Jesus nos presenteou!
Presenteou e presenteia!
A quaresma não aconteceu há dois mil anos! 
A quaresma é a vida permanente de um cristão na esperança da Ressurreição Eterna!
Jesus não foi crucificado há dois mil anos! Não, é hoje cada vez que ofendes o teu irmão!
Não foram os soldados romanos que lhe colocaram a coroa de espinhos, que O chicotearam e O crucificaram e que fizeram e disseram todas as espécies de maledicências! Não! És tu, hoje, que Lhe fazes, exactamente, o mesmo quando, os teus pensamentos, as tuas palavras, os teus actos ou comportamentos e as tuas omissões, ofendem quem conheces ou se cruza na vida, contigo!
Cristo morreu por ti, por mim!
Transpor estes verbos para a primeira pessoa do plural, nós (“Jesus morreu pelos nossos pecados”), pode fazer sentirmo-nos "mais leves" ou convidar-nos a “fugir da cena”; pensar assim, é esquecer que tu e eu, somos os únicos destinatários da maior prova de amor que, alguma vez, alguém mostrou ou mostrará por ti e por mim: dar a Vida para que tu e eu possamos, pela  Divina Misericórdia de Deus Pai, ansiar a Vida eterna!

J.P.



O maior presente de Jesus

Qual é o maior presente de Jesus para nós?

Lendo no começo dos Evangelhos, a pregação de João Baptista, ele ensinava, pregando, duas coisas importantes:

1º - chamando as pessoas ao arrependimento e preparando as pessoas para a vinda do Messias; 
2º -  dizendo às pessoas: "o Messias está entre vós"! Estejam atentos ao que o Messias irá fazer. 

O seu trabalho foi preparar o trabalho de Jesus, avisando os que o seguiam: “Preparem-se para a vinda do Salvador, pelo arrependimento”. Mas disse ainda mais: “O trabalho do Messias vai ser algo muito mais importante: eu baptizo-vos no Rio Jordão, como um sinal de arrependimento, mas o Salvador virá e ele vai baptizar-vos no Espírito Santo, porque ele é o doador da vida”.

Portanto, quem é Jesus?

No Evangelho de São João, João Baptista dá a Jesus dois títulos:  o Cordeiro de Deus, que vem para tirar o pecado do mundo, que vem para curar as nossas doenças, que vem libertar-nos do poder de Satanás, e o 'doador da vida', que vem para nos dar uma vida nova, pela graça do Espírito Santo.

Algum tempo mais tarde, em Jerusalém durante a ocasião da grande festa dos tabernáculos, Jesus gritou no mais alto da sua voz: “Aqueles que têm sede, venham até a mim. Aqueles que estão buscando a vida nova, venham até a mim. Aqueles que têm fome do Reino de Deus, venham até a mim. Venham e bebam de mim, venham e bebam da água viva do Espírito Santo que eu vim trazer-vos".

Jesus homem, já morreu mas fez essa grande promessa: a vinda do Espírito Santo! Jesus, já nesse tempo, prometeu esse presente especial que foi dar-nos o Espírito Santo, o presente do Pai.

Mas foi, especialmente na última ceia, quando os apóstolos estavam tristes porque Jesus os ía deixar, que Ele disse: “Eu estou partindo, mas não vos deixarei sós; não vou deixar-vos órfãos. Eu vou mandar o meu Espírito Santo e ele vai vos recordar tudo aquilo que eu disse. Ele vai ser como eu, o Paráclito" - que em grego significa “alguém que está sempre contigo”, “alguém que te conduz”, “alguém que te defende”, “alguém que vai ser o teu intercessor”.

Jesus disse: “Eu vou mandar-vos o Espírito Santo”.

E Jesus, acrescentou: “Se eu não partir, o Espírito Santo não virá. Portanto, eu tenho que partir para que o poder do Espírito Santo, o meu presente, possa vir até vós”.

Então Jesus disse algo incrível: “Eu estou mandando-vos o meu Espírito Santo, mas ele não estará com vocês, ele não vai viver com vocês, mas ele virá para dentro de vocês. E quando ele entrar em ti, disse Jesus, Eu virei com ele e o Pai também virá com ele. Os três, o Deus trinitário, viremos e faremos de ti a sua morada”.

Que promessa maior, poderíamos ter?

A promessa de Jesus! Pelo poder do Espírito Santo, a graça total da Trindade, fará de nós a Sua morada.

Então quem é Deus agora? Deus agora não é somente um Deus por nós, Deus Pai. Deus agora não é somente um Deus connosco, Jesus Cristo, Deus agora é um Deus em nós: é o Espírito Santo.

Pe Rufos Pereira

Os evangélicos são mais católicos do que imaginam!

A tradição é importante.

Como declaração sobre as bases da doutrina da Igreja, este comentário pode não soar muito surpreendente. Aliás, ele é bastante óbvio para os fiéis católicos e ortodoxos. Mas ele também evoca um grande paradoxo que existe no pensamento de uma numerosa e influente parcela dos cristãos do mundo inteiro: os evangélicos. Por mais surpresos e até chocados que eles possam ficar ao ouvir ou ler isto, o fato é que os evangélicos são muito mais católicos do que eles imaginam.

Os evangélicos se orgulham do alicerçar a sua fé somente na Bíblia. Este, afinal, é o núcleo da doutrina da “sola scriptura”, proposta pela reforma protestante. Se você acompanhar um debate evangélico, verá que esta questão não demora quase nada para surgir: “Onde é que esta afirmação consta na Bíblia? Indique o capítulo e o versículo”.

E aí é que está o problema. Os evangélicos acreditam de modo irrenunciável em doutrinas centrais da fé que não podem se basear simplesmente na escritura, pois se desenvolveram na tradição da Igreja. Depois de formulada uma crença, caso se queira, é possível pinçar versículos bíblicos para ampará-la, mas nunca se chegaria a essas posições doutrinárias por meio das escrituras sozinhas.

O exemplo mais óbvio é a própria Trindade, que os evangélicos consideram uma crença fundamental para qualquer cristão. No entanto, ela não aparece explicitamente na Bíblia. A sua única base bíblica é aquilo que ficou conhecido como “os parênteses joaninos”, uma menção abertamente trinitária feita em 1 Jo 5, 7-8, passagem consagrada no texto da Bíblia do rei James, de 1611. Mas os estudiosos sabem há séculos que aquelas palavras foram inseridas muito tardiamente no texto original. Nenhum escritor sério as cita hoje como autênticas.

Deixar esses parênteses de lado não gera dificuldade alguma para quem acredita na Trindade, que é uma doutrina muito arraigada na tradição da Igreja. A doutrina foi abraçada pelos cristãos no segundo século, em especial por padres apostólicos como Inácio e Justino Mártir. Falar de tradição da Igreja não significa, é claro, que tais figuras inventaram doutrinas para satisfazer os seus próprios propósitos obscuros. Ao contrário, como os teólogos católicos e ortodoxos sempre destacaram, a Igreja foi e é guiada pelo Espírito Santo. Sem essa crença no poder da tradição contínua, porém, como é que se poderia justificar a própria doutrina da Trindade?

Sem tradição da Igreja, sem Trindade.

Também é fundamental para os evangélicos a crença na encarnação de Cristo. O Novo Testamento nos permite formar ideias, é claro, sobre a divindade de Cristo e sobre o fato de Ele ter se tornado homem. No entanto, basear-se nesses textos bíblicos deu aos primeiros crentes uma enorme margem de manobra no tocante ao entendimento de qual seria a relação entre o humano e o divino. Cristo era literalmente Deus caminhando sobre a terra em forma humana? Ou será que a divindade “desceu” sobre Jesus em algum momento da sua vida terrena, presumivelmente no batismo, para depois abandoná-lo na hora da crucificação? Os cristãos discutiram sobre essas doutrinas complexas ao longo de séculos e só as estabeleceram no Concílio de Calcedônia, no ano de 451. Em outras palavras, trata-se uma doutrina definida por meio do debate no seio da Igreja, com base na escritura e na tradição, sob a orientação do Espírito Santo.

Sem tradição da Igreja, sem doutrina da Encarnação.


Os protestantes sempre tiveram a Igreja primitiva em alta estima. Ilustres estudiosos evangélicos publicaram obras sobre os primeiros padres. Em língua inglesa, por exemplo, a editora evangélica IVP apresentou uma série maravilhosa de volumes sob o título “Ancient Christian Commentary on Scripture” [“Comentários do cristianismo primitivo sobre as escrituras”]. Dito isso, os evangélicos ainda rejeitam o uso da sabedoria da Igreja dos primeiros séculos para estabelecer a doutrina.

PHILIP JENKINS  23 DE JANEIRO DE 2015

PORTUGAL: CATEQUESE, PRECISA-SE!!!

No passado mês de Fevereiro, estive numa pequena cidade no estado de Minas Gerais no Brasil, Sete Lagoas, com cerca de 280.000 habitantes.
Mas como quantidade nunca significou qualidade, a demonstração e vivência de fé, excedeu as minhas esperanças e abalou o meu coração!

No dia 13 de Fevereiro fui convidado para assistir a uma acção de evangelização de rua. Baptizaram este evento com o nome “Blitz da Misericórdia”. Tudo começou as 7h30 da manhã, onde, jovens entre os 15 e 16 anos, reuniram-se na capela do colégio, perto do centro da cidade, para uma Eucaristia que mudou e abalou a minha estrutura humana.

Durante a celebração, os jovens, sempre concentrados, não tinham medo nem vergonha de rezar: acompanhavam os rituais e espalhavam a alegria das músicas de animação, com muito fervor! 
Quando chegou o momento da comunhão, eles ajoelhavam-se para receberem o Corpo de Cristo e, algumas meninas, cobriam a sua cabeça com um lenço!
Nunca vi comportamentos idênticos em Portugal, pelo menos em pessoas desta idade! 
Veio ao meu pensamento a realidade portuguesa: a maioria dos jovens não vão às Eucaristías porque "isso" é dispensável ou, por outros motivos que cada um saberá, os pais condescendem, e no verão, o melhor é ir "descapotável" pois o calor é imenso ....( a temperatura local, rondava os 35º!)

Após a Eucaristia foram dadas algumas coordenadas e regras para inicio da missão nas ruas. Os jovens foram distribuídos aos pares para evangelizar. Uns ficavam nos semáforos a entregar pajelas sobre o ano da misericórdia; outros, seguravam faixas com mensagens de amor de Deus e temas bem problemáticos como o Aborto, mensagens de confiança da Santa Teresinha de Ávila, etc. 

Outros grupos abordavam as pessoas que passavam na rua com palavras de amor e esperança: “Jesus te Ama”, ”Dê um sorriso para Jesus”, “Posso dar-lhe um abraço?”. O retorno e aceitação das pessoas era lindo e imediato. Os mais velhos diziam que era maravilhoso aquilo tudo, que deveria haver mais jovens assim e agradeciam pela palavra de conforto. 

Em simultâneo, estava um sacerdote a confessar quem quisesse reconciliar-se com o Senhor. Tudo estava organizado ou não fosse esta uma acção do Espírito Santo!

Inicialmente, a minha tarefa foi segurar uma faixa com mensagens. A minha parceira de evangelização, a Barbara, era uma jovem de 15 anos que foi falando comigo e me explicava como o Brasil estava a viver, espiritualmente, após a deslocação do Santo Padre Francisco.
Partilhou comigo uma lição de vida que deixou-me de boca aberta! Atentem.

Esta jovem falava de temas como o aborto com um conhecimento e profundidade científica e espiritual, como se tratasse de uma especialista mestrada na matéria! Falava da relação amorosa dizendo que não era santa mas que não ia namorar por namorar, pois o seu corpo era templo do Espírito Santo!
Beijos na boca? Fora de questão: um simples beijo na boca era pecado! Conhecia jovens que namoraram 6/7 meses sem um beijo e que ela também queria seguir estes exemplos. 

Perguntei-me: será que eu e a minha mulher, quando formos presenteados por Deus com um bébé, seríamos capazes de, no mundo europeu destituído de valores, educá-lo/a nestes princípios? Ou todas as orientações que, como cristãos católicos lhe daríamos como exemplo, seríam destruídas pelas companhias e pelas suas amizades? 

Seguidamente, houve uma adoração do Santíssimo na praça central da cidade, à qual eu não tive oportunidade de assistir, Depois de ver as fotos e os vídeos, conclui: isto é surreal! A cidade inteira ficou vidrada naquela adoração! Para melhor entenderem esta imagem, imaginem o Terreiro do Paço ou o Rossio em Lisboa, repletos de pessoas, no mais profundo silêncio e em completa entrega ao Santíssimo Sacramento... Será que nenhum sacerdote quer arriscar? Ou não terá autorização para o fazer? E mesmo que o faça, quais as possíveis consequências hierárquicas? Ou será que nenhum grupo de oração, ainda teve essa coragem? Então, ninguém houve as palavras do Papa Francisco quando pede uma Igreja na rua?

Os coordenadores partilharam alguns dos projectos futuros. Um deles é, claramente, fora de série, diria, extraterrestre, pois consiste em inscrever uma equipa de futebol no campeonato regional, sendo a mesma uma forma de evangelizar. Eu perguntei: "mas evangelizar, como?". A resposta foi mais uma bomba: "a equipa terá um equipamento com frases bíblicas, os jovens iram rezar antes do jogo no relvado, quando marcarem um golo louvarão ao Senhor, e se sofrerem alguma falta, pedirão desculpa ao agressor e abençoando os adversários …
Mas nesta nova missão as raparigas estariam nas bancadas a louvar e a rezar por todos.
Estes jovens são os futuros santos de calças jeans como pediu o Papa São João Paulo II, são os santos do novo milénio.

Se não tivesse ouvido, pensaria que estavam a "reproduzir" um filme de ficção científica, como a "Guerra das Estrelas" ou o "Apocalipse now" ...

GRUPOS DE ORAÇÃO

Dois dias depois, tive a oportunidade de participar num G.O. do RCC, que eu já conhecia, e que é um encontro maravilhoso co Deus e com os irmãos. Começa às 19h com o terço e às 19h30 inicia-se um louvor, bastante animado. Depois do louvor há sempre um momento de partilha, com um pregador diferente em cada semana. Terminam com uma oração colectiva que é muito forte, pois são mais de 500 pessoas a invocar o Espírito Santo. 

No dia seguinte fui participar noutro grupo do RCC que também é muito especial, pois, além de haver o cuidado de realizar um ensinamento prático perceptível a todas as classes sociais, termina com  o repouso no Espírito Santo, oração sobre todos os irmãos que assim o desejarem. Pessoalmente, estava disposto a resistir à acção do Espírito: de coração fechado e de pernas cruzadas, interiorizei: "hoje, não"! Pois, já tinha aprendido que resistir à acção do Espírito é a maior estupidez espiritual que o ser humano (consagrado ou leigo), pode interiorizar. Acreditem, quando o meu irmão leigo rezou por mim e soprou para mim, os meus pés, mesmo cruzados, foram levantados do chão! Ele sorriu para mim e abraçou-me! 

Tive a oportunidade de ir a uma missa no Carmelo onde vi a alegria dos irmãos franciscanos, após a comunhão: um sorriso no rosto .... que não tem explicação. Para eles, foi um encontro sobrenatural! Será que eu sinto esta mesma alegria, depois de receber Cristo? Ou regresso ao meu lugar com o mesmo sentimento, antes de comungar?

No ultimo Domingo fui a uma missa para crianças e fiquei pasmado: crianças de 3, 4, 5, 6 anos estavam com atenção à missa, pois a mesma estava preparada para as crianças e para os adultos. Na leitura do evangelho havia um teatro representativo da leitura; a homilia, foi substituída por uma história para crianças que era bastante interessante, pois a mesma transmitia os valores morais que tinham sido proclamados na Palavra de Deus. A comunhão era feita nas duas espécies e os casais davam a comunhão um ao outro. As crianças, como não comungavam, iam buscar umas uvas e pedir a bênção ao sacerdote. Algo incrível.

Este foi um pequeno resumo da minha experiência durante duas semanas no Brasil. Será que, algum dia, poderei ver algo de semelhante em Portugal? Ou na Europa?

Rui Ferreira